nameless 1

oh that craving on rainy days
boils up inside in funny ways
pops up in a heartbeat, and for long it sways
between you and me, ‘til our star fades

retaining the oceans, controlling your mind
it’s just stressing the tension you can’t successfully hide
so let it go and let me in – sure I can find
an escape for you, for me – one way to turn ‘em all blind

so you can finally see
so you can finally meet me
so I can finally breath
so we can finally be

what’s meant is no certainty, luv
for what’s supposed is not always plain true
the key’s making them ours, luv
fate, destiny, proof – boiling down onto you

à pessoa

continuamos, e prosseguimos
na tentativa infinita de quantificar e qualificar sentimentos,
aflições

pois que essa é tarefa impossível,
contou-me um grilo certa vez.
toda dor é legitíma,
toda felicidade é particular
tentar compará-los os sentimentos aos de outrém
sob o jugo de ter-se “mais” ou “menos”
não torna o sujeito que compara nem mais ou menos feliz
– ou sofredor
tanto denuncia, basicamente, meramente que
não sabe sentir por si
não sabe sentir e apreciar
seja a dor ou a alegria

porque tudo merece apreço;
tudo o que se sente tem significado
e é único.
aquilo que você sente
veste a sua pele;
produz suas sinapses;
bate em seu peito
ninguém mais lhe percebe os sentidos
como você o faz

ainda assim – e por isso
toda atitude de um para outro é uma relação pessoal
para ser pessoal, precisa-se da relação
porquanto sentimentos encarcerados em si não são pessoais,
mas atomizados – ou individuais, apenas

indivíduo é diferente de pessoas
não há “relações individuais”
tudo é pessoal
tudo é social

oceania

Esta é uma daquelas coisas engraçadas que correm no inconsciente coletivo: quando estamos deprimidos, escutamos sempre as músicas menos aconselháveis possíveis. Se fica triste por causa de um amor que não tem mais, você vai lá e voluntariamente toca The Scientist. Se foi trocado, logo manda uma Alanis Morissette: “could you forgive me love, if I danced in your shower?”, no melhor tom de sofrimento do mundo. A depressão vai tão fundo que até o aleatório do seu player percebe e o sabota no melhor estilo “do you wanna play a game?” calhando, naturalmente, no mais sofrido My Immortal ever.

Essa nossa “mania” – ou, como chamam, “tendência suicida” – pode parecer sem sentido, mas creio que seja bastante lógica, na verdade. Ouvir “How to save a life” quando você já se sente mal não tem nada a ver com uma desculpa pra cortar pulsos. É mais – acho – uma tentativa inconsciente de aprofundar o momento; de realmente aproveitar aquela ferida e abrir caminho pra cada vez mais fundo, cada vez mais perto da fonte de tudo aquilo que dói.

Acho que nos conhecemos muito da dor. Antes de hoje, achava que aprendíamos muito com os fins. Mas a diferença entre aprender com “o fim” e “a dor que vem dele” é sutil e significativa. A dor aponta algum lugar; indica de onde vem aquele sentimento. Ouvir música triste quando se está triste é um modo de buscar esse lugar e compreendê-lo melhor.

Hoje mais cedo, tive um momento muito meu que a minha irmã viu. Éramos ela, sem saber o que fazer, e eu, chorando copiosamente depois de algo que ela me tinha dito casualmente. E veio na cabeça, logo depois, Crystal Ball. Quando dói, penso agora, a gente se conecta muito intensamente a nossa essência. Ou melhor: quando dói, conecta-se com toda a dor do mundo.

Unidade se dá no sofrimento, e não (só) na alegria. Tanto aquela unidade íntima, pessoal, quanto aquela de toda a constelação de dores afora.